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Mostrando postagens de outubro, 2011

O Viajante do Amanhã

  Uma placa dizia que aquela praça tinha sido inaugurada no dia 26 de maio de 1955. Diante dela estava um rapaz magro, usando uma blusa de lã aberta e calças jeans. Em seus óculos escuros, o reflexo distorcido da placa parecia um desenho surreal. De sua mochila ele tirou uma câmera fotográfica e, discretamente, disparou contra a placa levemente escurecida pelo tempo. Assim que terminou, ouvindo o avanço automático do filme, olhou mais uma vez a placa, coçando a nuca. De repente, sua visão turvou-se e sentiu como se mergulhasse sua cabeça num tanque d’água e a pressão o ensurdecesse levemente.   A primeira vez que sentiu isso foi aos 14 anos, quando viajava de mudança com seus pais por uma rodovia. Era de manhã e tocava algo no rádio – ele não lembrava muito bem, mas parecia bom. Estava tão distraído com um imenso e vistoso milharal que não teve tempo de ver contra o que o carro deles colidira, mas sentiu seu corpo sendo arremessado e bateu com a cabeça no pára-brisa. Estava ...