Essa é a segunda parte de uma série de contos. Para ler a primeira parte, clique aqui . Meio-dia! Eu já me acostumei a acordar meio-dia. A primeira coisa que eu fiz foi olhar o relógio, já que eu tinha dormido com a cabeça sobre o braço esquerdo, então nem precisei me mexer muito. "Onde estou?", pensei. Demorou um pouco até eu perceber que aquele cubículo mal-iluminado e bagunçado era o meu apartamento. Com ele, eu ainda não me acostumei... Fiquei deitado mais um pouco, tentando colocar a cabeça para funcionar, pois eu não estava conseguindo me lembrar exatamente como eu cheguei até aqui. Carteira, chaves e celular estavam no lugar de sempre, sobre o criado-mudo, mas eu tinha a vaga impressão de que tinha deixado alguma coisa naquele bar... "Isso!", então as lembranças começaram a voltar. O bar. Não sei se consigo chegar lá outra vez. Não lembro direito o caminho até lá. Mas foi, realmente, uma das experiências mais insólit
Acho que foi uma boa ideia ter saído um pouco daquele apartamento para respirar um pouco de ar puro. Ar puro... Como se houvesse um canto dessa cidade com alguma atmosfera respirável. Me lembro muito bem da quantidade de remédios que andei comprando nos primeiros meses por aqui. No começo achei até que fosse morrer, mas eu pensei a mesma coisa durante a minha primeira ressaca e aqui estamos nós! Enquanto dirijo sem pressa pela cidade, observo as janelas acesas desses prédios, imaginando o que cada pessoa estaria fazendo a essa hora da madrugada. As janelas onde a intensidade da luz variava, presumi que estivessem assistindo TV ou talvez tenham dormido no sofá com ela ligada. Acontece o mesmo comigo, quase todas as noites! Nas luzes constantes, mas fracas, eu tenho o palpite de que seja alguém lendo, estudando ou trabalhando em algum projeto, um livro talvez... Eu acabei de ligar o rádio do carro e só tem um programa onde o locutor fala de uma maneira tão monótona, que